Ao se discutir sobre temas que envolvem a indústria química, percebe-se que uma grande parte da população a relaciona a eventos negativos, principalmente ligados ao meio ambiente. Isso ocorre pelo fato de que a mídia, carente de profissionais que se realmente se interessaram pelo tema, acaba contribuindo para o desconhecimento e, consequentemente, a rejeição pública.

Na maioria das vezes, a mídia acaba destacando os problemas causados pelos produtos químicos à sociedade, focando, quase que exclusivamente nos acidentes com perdas humanas e/ou danos ambientais. Está claro que os veículos de comunicação devem divulgar quando, infelizmente, acidentes ocorrem, porém, ao praticamente se limitar a este papel, deixa de informar a sociedade a respeito dos inúmeros benefícios que esta indústria traz a sociedade.

Dessa forma, é necessário que seja divulgado também, com argumentação técnica, as evidências dos resultados positivos já alcançados pela indústria e a mitigação dos problemas causados. Há a necessidade de evitar a superficialidade repetitiva de afirmar que apenas que o natural faz bem e a química faz mal.

Contexto atual

Durante os anos de 2020 e 2021, o mundo viveu uma situação atípica que afetou praticamente todos os setores da economia, e com a indústria química não foi diferente, resultando em um desequilíbrio inédito na balança comercial brasileira.

Ao se analisar o acumulado do ano, até setembro, as importações de produtos químicos somaram US$ 48,5 bilhões e as exportações chegaram a US$ 11,5 bilhões, o que significa aumentos de respectivamente 43,4% e de 27% na comparação com igual período de 2020.

Assim sendo, o déficit na balança comercial de produtos químicos, entre janeiro e setembro, somou US$ 37 bilhões, o que evidencia um preocupante e expressivo aumento de 49,4% em relação ao mesmo período do ano passado e, ainda faltando três meses para o término de 2021, já supera em aproximadamente US$ 5 bilhões o maior déficit anual da história da balança comercial de produtos químicos, de US$ 32 bilhões, em 2013.

Somando-se ao desequilíbrio constatado na balança comercial de produtos químicos, a Câmara dos Deputados realizou debate em plenário a respeito da Media Provisória (MP) nº 1.034, o que resultou em ajustes significativos em seu texto. Uma das alterações mais relevantes no texto original trata da possível extinção do Regime Especial da Indústria Química (REIQ). Com o ajuste no texto, o regime permanece em vigor por mais quatro anos, porém estabelecendo uma redução progressiva do benefício, o que afeta ainda mais a competitividade das empresas do setor no Brasil frente ao mercado internacional.